quinta-feira, 26 de junho de 2008

Legson Kayira! Ninguém podia fazer aquilo, mas ele fez!

Se tivermos a tola noção de que há algo que não possa ser realizado, por causa de muitos óbices e dificuldades, consideremos a história que se segue, de um rapaz africano, Legson Kayira, que foi publicada na revista Guideposts. Essa espantosa história é chamada “ Descalço até a América”.
“ Sua mãe não sabia onde ficava a América. E ele lhe disse: Mãe , quero ir a América afim de freqüentar o colégio. Dá-me sua permissão?
“ Muito bem – disse ela- pode ir. Quando parte?
Ele não queria lhe dar tempo de descobrir através de outras pessoas da aldeia onde viviam, quanto a América ficava distante dali, temeroso de que mudasse de opinião.
“ Amanhã- disse ele.
“ Muito bem- respondeu a mãe- Eu preparei um pouco de milho para você comer no caminho.
No dia seguinte, 14 de outubro de 1958, deixou a sua casa na aldeia de Mpale, ao norte da Niasalândia, áfrica Oriental. Apenas com a roupa do corpo, uma camisa cáqui e shorts. Levava dois tesouros que lhe pertenciam: a Bíblia, e um exemplar do Pilgrims Progress ( o famoso livro de John Baryar, traduzido em português sobre o titulo : O Peregrino). Levava também o milho que a sua mãe lhe dera, envolvido em folhas de banana, e um pequeno machado para se proteger.
Seu objetivo estava a um continente e um oceano de distância, mas ele não duvidava de que pudesse alcançá-lo.
Não tinha idéia de sua idade pois essas coisas pouco significavam numa terra onde o tempo é sempre o mesmo. Pensava em ter 16 ou 18 anos.
Seu pai morrera quando ele era muito pequeno. Em 1925 sua mãe ouvira as palavras de missionários da igreja da Escócia (presbiteriana) e o resultado foi que sua família tornou-se cristã. Com os missionários ele aprendeu não só o amor de Deus, mas também , se quisesse algum dia ser de alguma ajuda para sua aldeia, seu povo, seu país, seria necessário que adquirisse educação.
Em Wenya, a oito milhas de distância, havia uma escola primária da Missão, Achou que estava na hora de estudar e foi até lá.
Aprendeu muita coisa. Aprendeu que não era como a maior parte dos africanos acredita, vítima de suas circunstâncias, e sim o senhor delas. Aprendeu que, como cristão, tinha obrigação de usar os talentos que Deus lhe deu e fazer a vida melhor para os outros.
Mais tarde, no ginásio, aprendeu sobre a América do Norte. Leu a vida de Abraham Lincoln e passou a amar aquele homem que sofrera tanto por ajudar os africanos escravizados em seu país. Leu , também, uma autobiografia de Booker T. Washington, ele próprio nascido escravo na América do Norte, e que crescera em dignidade e honra, tornando-se um benfeitor da gente de seu país.
Aos poucos foi compreendendo que só na América do norte ele receberia o treinamento e as oportunidades que lhe preparariam e lhe levariam a igualar aqueles em sua própria terra, a ser como eles um líder e talvez até mesmo, o presidente de seu país.
Sua intenção era fazer o caminho até o Cairo, onde esperava conseguir passagem num navio, para a América do Norte. O Cairo ficava 3.000 milhas de distância, distância que ele não podia avaliar, e loucamente, pensou que poderia caminhar até lá em 4 ou 5 dias. Dentro de 4 ou 5 dias ele estava a 25 milhas de casa, sua comida acabou, não tinha dinheiro, e não sabia o que fazer, a não ser que deveria continuar caminhando.
Organizou um método de viajem que se tornou a sua vida por mais de um ano. As aldeias ficavam, habitualmente a uma distância de cinco ou seis milhas uma das outras, com caminhos pelas florestas. Ele chegava a uma delas a tarde e perguntava se podia trabalhar para ganhar comida, água e um lugar para dormir. Quando isso era possível ele passava a noite ali, e na manhã seguinte prosseguia até a aldeia mais próxima.
Nem sempre era possível. A linguagem tribal mudava a cada tantas milhas na África. Amiúde ele se via entre pessoas com as quais não podia se comunicar. Aquilo fazia dele , claramente um estrangeiro entre eles, talvez um inimigo. Não o deixavam entrar nas aldeias, e ele tinha de dormir nas florestas, comendo erva e frutos silvestres.
Depressa descobriu que seu machado dava as pessoas, às vezes, a impressão de que pretendia brigar ou roubar, assim ele o trocou por uma faca, que poderia levar escondida. Estava agora sem defesa contra os animais da floresta, que temia tanto. Mas embora os ouvisse durante a noite, nenhum deles se aproximou. Contudo, os mosquitos portadores da malária foram companheiros constantes, e com freqüência ele se sentia doente.
Duas coisas lhe confortavam e sustentavam: a sua Bíblia e o seu Pilgrims Progress. Muitas e muitas vezes ele lia a Bíblia, encontrando confiança, particularmente, na promessa “ Confia no Senhor com todo o teu coração, e não repouses em teu próprio entendimento... Então, caminharás pelo teu caminho”. ( Provérbios 3:5,23).
Ao fim do ano de 1959 ele tinha caminhado 1.000 milhas até Uganda, onde uma família lhe recebeu, e encontrou um emprego na fabricação de tijolos para os prédios do governo. Ficou ali seis meses e mandou a maior parte do que recebeu para sua mãe.
Ele leu muitas vezes no Pilgrims Progress, sobre as tribulações do cristão que perambulava pelos desertos procurando Deus, e comparou aquilo com a sua própria perambulação em direção ao objetivo que Deus pusera em seu coração, segundo ele acreditava. Não podia desistir assim como o cristão não desistira.
Uma tarde, na biblioteca de USIS, em Kampala, encontrou, inesperadamente, um anuário de colégios americanos. Abrindo-o ao acaso, viu o nome do Skagit Valley College, em Mount Vernon, Washington. Ouviu dizer que às vezes os colégios norte-americanos davam bolsas de estudo a africanos merecedores, por tanto escreveu ao Deão, George Hodson, pedindo uma bolsa. Compreendia que poderia receber uma recusa, mas não se desencorajou. Escreveria para uma escola após a outra das que estivessem no anuário, até encontrar uma que o quisesse ajudar.
Três semanas depois Deão Hodson o respondeu: Davam uma bolsa de estudos e a escola o ajudaria a encontrar emprego. Contentíssimo, foi ter com as autoridades norte-americanas, apenas para ficar sabendo que aquilo não era o bastante. Ele precisaria de um passaporte e do dinheiro de ida e volta a fim de obter um visto.
Escreveu para o governo de Niasalândia, pedindo um passaporte, mas recusaram, porque ele não sabia dizer onde nasceu. Então, escreveu aos missionários que tinham sido seus professores quando menino, e foi através dos esforços dos missionários que ele conseguiu o passaporte. Mas ainda não podia obter o visto em Kampala, porque não tinha a importância correspondente à passagem.
Ainda resolvido deixou Kampala e recomeçou sua viajem em direção ao norte. Tão forte era sua fé que usou o dinheiro que lhe restava na compra de seu primeiro par de sapatos. Sabia que não podia chegar ao Skagit Valley College, descalço. Carregava os sapatos para não estraga-los.
Atravessando Uganda e entrando no Sudão, as aldeias se mostravam mais distantes umas das outras, e as pessoas menos amistosas com ele. Às vezes tinha de caminhar 20 ou 30 milhas por dia a fim de encontrar algum lugar para dormir ou ganhar alguma comida. Por fim alcançou Cartum, onde soube que havia um consulado norte-americano, para onde se dirigiu, a fim de tentar a sorte.
Mais uma vez a respeito das exigências de entrada, dessa vez através do vice-cônsul Emmett M. Coxson, mas o Sr. Coxson escreveu para o colégio falando da sua situação. De volta veio um telegrama.
Os estudantes, tendo ouvido falar dos seus problemas, haviam conseguido os mil e setecentos dólares da passagem, através de festas beneficentes.
Ficou eletrizado e profundamente grato, e contentíssimo por ter julgado corretamente os norte-americanos, pela sua amizade e fraternidade. Estava grato a Deus pela orientação que lhe dera e prometeu colocar seu futuro a Seu serviço.
Noticias que ele caminhou a pé durante dois anos e por 2.500 milhas circularam por Cartum. Os comunistas vieram o ver e ofereceram mandá-lo para uma escola na Iugoslávia, com todas as despesas pagas inclusive viajem, e subsistência durante seus estudos.
Ele disse: “ Sou cristão” – Não poderia ser educado em suas escolas sem Deus para ser o homem que pretendo ser.
O avisaram que como africano, ele teria dificuldades raciais nos Estados Unidos, mas ele leu o suficiente nos jornais norte-americanos para sentir que aquele fator não seria importante. Sua religião o ensinou que os homens não são perfeitos, mas que agradarão a Deus quando lutarem para chegar à perfeição. O esforço norte-americano, ele sentia, fazia com que o pais fosse tão abençoado.
Em dezembro de 1960, levando seus dois livros e usando seu primeiro terno, chegou ao Skagit Valley College.
Em seu discurso de gratidão ao corpo discente, falou sobre seu desejo de ser o primeiro-ministro ou o presidente de seu país, mas reparou que houve sorrisos. Ficou pensando se disse algo ingênuo, achou que não.
Quando Deus põe um sonho impossível em nosso coração quer dizer que ajudará a realizá-lo. Ele acreditava que isso fosse verdade, quando , sendo um menino do sertão africano, se sentiu compelido a se tornar um diplomado de colégio americano. E isto se realizou quando se formou pela Universidade de Washington. E se Deus lhe deu o sonho de se tornar presidente da Niasalândia, isso também se tornou realidade.
“Só quando resistimos a Deus é que nos conservamos ninguém. E quando nos submetemos a Deus, seja qual for o sacrifício ou padecimento, é que nos tornamos muito mais do que ousamos sonhar”.
Esta é a história de Legson Kayira.

( Um releitura, retirada da revista Guideposts, fatos reais)

Um comentário:

Ana Wolfart disse...

Esta história é incrível, prestem muita atenção! Se alguém acha algo na vida difícil, este é um exemplo de como realmente devemos seguir nossos sonhos, traçar nosssos objetivos... e pense grande grande, pois somente assim poderá conquistar o lugar mais alto, ao menos o mais alto de seus próprios sonhos!