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quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Vinícius de Moraes em italiano!!!

O poeta e a lua


Em meio a um cristal de ecos
O poeta vai pela rua
Seus olhos verdes de éter
Abrem cavernas na lua.


A lua volta de flanco
Eriçada de luxúria
O poeta, aloucado e branco
Palpa as nádegas da lua.


Entre as esferas nitentes
Tremeluzem pelos fulvos
O poeta, de olhar dormente
Entreabre o pente da lua.


Em frouxos de luz e água
Palpita a ferida crua
O poeta todo se lava
De palidez e doçura.


Ardente e desesperada
A lua vira em decúbito
A vinda lenta do espasmo
Aguça as pontas da lua.


O poeta afaga-lhe os braços
E o ventre que se menstrua
A lua se curva em arco
Num delírio de luxúria.


O gozo aumenta de súbito
Em frêmitos que perduram
A lua vira o outro quarto
E fica de frente, nua.


O orgasmo desce do espaço
Desfeito em estrelas e nuvens
Nos ventos do mar perpassa
Um salso cheiro de lua.


E a lua, no êxtase, cresce
Se dilata e alteia e estua
O poeta se deixa em prece
Ante a beleza da lua.


Depois a lua adormece
E míngua e se apazigua...
O poeta desaparece
Envolto em cantos e plumas


Enquanto a noite enlouquece
No seu claustro de ciúmes.

Vinícius de Moraes




Il poeta e la luna
Trad: Anton Angelo Chiocchio

In un cristallo d'echi, il giovane
poeta va per la via bruna,
mentre i suoi occhi, verdi d’etere,
aprono grotte nella luna.


La luna rotola sul fianco
rabbrividendo di lascivia;
sfiora il poeta, esangue e bianco,
le curve tumide di Trivia


cui soffice, tra le nitenti
sfere, biondeggia un vello fulvo;
il giovane, con gli occhi spenti,
socchiude il pettine alla luna.


Flussi di luce, flussi d'acqua
distilla pallida la cruda
ferita: il giovane si sciacqua
nella dolcezza che trasuda.


Arsa consunta disperata
la luna giace ora in decubito;
il pigro avvento dello spasimo
la fa piá aguzza, piú falcata.


Alle carezze sulle braccia,
sul grembo madido che infuria,
la luna ad arco ormai si allaccia
in un delírio di lussuria,


sin che, maturo, il frutto gronda
in lunghi fremiti. Denuda
la luna l'altro quarto e affonda
e s'abbandona, pazza e muta.


L'orgasmo scende dallo spazio
disfatto in stelle, sciolto in nuvole;
dal mare il vento reca il sazio,
il salso odore dell'amata


che intanto cresce, nell'ebbrezza,
estua, s'innalza, si dilata,
mentre il poeta sbigottisce
all'incredibiie bellezza.


Infine l'astro s'assopisce
stanco, si spegne piano piano.
Anche il poeta é già lontano,
avvolto in piume, in melodia.


Ora è la notte che impazzisce
nel chiostro della gelosia.

Vinícius de Moraes

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